5 de novembro de 2013

semsentidobagunçera

E eu, que vivo reclamando da bagunça da minha colega de quarto, me deparo com minha cama bagunçada de uma maneira nunca vista antes. Reflexo da bagunça da vida, do pensamento, do coração.
Mas o coração tá no lugar, não? Feliz, contente, pulando em pessoas poraí, respirando aliviado depois de uma resistência inicial ao gostar (quase um amar?). 
Vontades súbtas de sair correndo em busca d'um abraço, aquele aqui de perto ou aquele ao atravessar a baía fedida. Tão perto, tão longe. Tão perto, tão próximo. Confesso que aquela minha confusão inicial de não saber pra qual lado pender ainda me pesa no dia-a-dia, mas não tododia como vinha me doendo. Agora ela é leve e não tenho me inclinado tanto a pular na água quente. Me arrisquei a pular, ela era tão aconchegante e macia, abraçava com amor, que esfriava de repente não repentinamente. Ia de pouco em pouco perdendo seu calor, até esfriar. Mas eu continuo quente querendo me esquentar nessa água que não sei onde vai parar. Não quero esvaziar, não quero que esvazie. O tempo e a vida leva a gente pra uns lugares bons, e ótimos foram os lugares que passei ao lado teu. 
E que o tempo seja amigo dos amores, que os lugares bons não fiquem só na memória. Não sei quando, nem onde. Molhar as pontas dos dedos na água quente de vez em quando é melhor que cair de corpo todo, de uma vez, e deixar que ela amorne, esfrie, esvazie.
E deixe a bagunça se autoarrumar. Amar é bom.


3 de outubro de 2013

não sei


Talvez um texto sobre você agora não seja o melhor. Talvez porque não caberia em letras o que no corpo e na mente já não cabia. Talvez porque o você que ainda tenho na memória é o você de tempos passados, e, talvez, considerando isso, um texto sobre você te assustaria um pouco. Mas o eu que vivo agora é um eu de hoje, diferente do eu de antes, e um texto sobre você cabe perfeitamente nesses dias. E, além disso, sinto que o você que desses dias não é o mesmo você das lembranças.
E nesses dias, nos permitimos provar no infinito do encontro, um reencontro. (Re)Encontro. Reencontro do que passou ficando, e encontro de dois que já não mais compartilham aquela felicidade de amor rotineiro. Engraçado é que, considerar um você diferente hoje, é algo que, ao contrario de uns tempos passados, me engrandece a alma e o coração. A vida é uma coisa louca pra se aproveitar, e o mundo é um moinho. 
Escrever sobre você agora não seja o que eu realmente mais queira fazer, mas acabei por fazer porque ajo por impulso e aquele reencontro (ou reencontros) trouxe cheiro nostalgia, tão familiar que chegava a ser aconchegante (sem ter nenhum aconchego?). Cheiro de memória. O tempo (errático) passa corrido e, mesmo mudando, nem tudo muda. O cheiro continuava sendo você. Talvez esse cheiro seja tão seu que, se sentisse em outra pessoa, o sentiria diferente. Será que o cheiro é você, ou você é o cheiro? Por que não os dois?
Não sei pr'onde é que a vida levará águas essas de março, essa intensidade, mas seja lá o que for que será, queria te agradecer pelo o que você deve saber. Acordei de um espasmo do sono e vi seu braço sobre meu peito, e reparei que ele ainda continua fino, e que você respira fundo os sonhos do sono.

22 de agosto de 2013

o amor...

... é intimidade. E intimidade é o amor.Ele que é uma coisa louca. Penso que hoje é diferente do que me foi. Amei e já achei que amei (e só o passar dos dias me escancararam isso). O não-amor (?) engana. Carinho, encanto e rotina se misturam e se fundem, confundem. Quem me sou pra falar quem ele é. Pode ser uma pessoa, uma sensação, uma vontade, um impulso, um sorriso ou uma lágrima. Pode ser tudo. Pode ser singular ou plural, polêmico e tão natural.Já temi uns amores que não eram por mim. Por quê? Fazem não muitos dias (ou muitos, é que o tempo tem passado mais rápido do que posso acompanhar) e agora eu re-penso no pensar que, amor é bom. (Quase) não há saídas ruins pra ele.E é bom amar, cada vez mais. Mais pessoas, mais profundo, mais sincero. Amor não se esvai pelo vendaval e não morre com um final. Ele acaba não acabando, fica quieto, esquecido? Talvez acomodado, guardado com carinho.Agosto me tem sido - além do mês do cachorro louco - um mês nostálgico. E, revisitando algumas memórias, entre elas senti o coração aquecer. C'est l'amour. Pois então, sem temer o dizer que ama, só pra mim, comigo mesma, no pensamento e na alma. Nessa nostalgia gosto de falar e pensar que fiz do meu amor bom, uma coisa boa.E gosto de amar, qualquer forma de amor, inclusive os temporários que contradizem a eternidade do amor. E eu, escandalosa, mais do que amar escancaradamente, gosto de amar no silêncio do olhar.É bom amar. Ame.

16 de agosto de 2013

a mesma, mudada.

No meio de uma limpeza aqui, uma lavada de louça ali, arrumação de mala acolá, ela se sentou pra descansar as pernas e começou a sentir a música que tocava.Se deu conta que a música era desconhecida mas era boa, enchia de alma a alegria, porque ultimamente, a alma dela se resume em felicidade. Sim, sentiu que estava feliz, satisfeita, com a vida boa. Se atreve a dizer que essa felicidade é nova - e estranha, mas é muito bem vinda, e que fique agora que veio.Sentada ao sentir da música, percebeu que gostava de tudo aquilo que passava ao seu redor, que tinha se achado na vida depois de tantas dúvidas, ansias e desejos incertos. Ela sentia que sim, é ali e agora que deveria estar. Os afazeres mudaram, as pesoas mudaram, o lugar e até mesmo o ar mudou, agora ela acorda sentindo cheiro de maresia. Virou rotina o que era extraordinário na vida. Percebeu que, poraí, é comum o que já fez, só estava num meio acanhado, percebeu até que o que já aconteceu não é de nada absurdo, é até comum. 
A vida muda rápido, né? E a gente muda com ela.
Em tão pouco tempo os pensamentos e desejos já são outros, ela não quer imaginar-se daqui há alguns anos, como será, se mal se reconhece, já. Não mudou no jeito, no falar e rir escandaloso, nos tropeços ao andar, no gostar de pés no chão, no ir dormir tarde e acordar cedo, no gosto musical e nos amores. Amadureu, talvez? Talvez seja o cabelo, que mudou. Aliás, moça já se achava madura, sempre nos achamos maduros enquanto vivemos, e então vem o tempo pra passar e nos mostrar que o passado faz menos sentido que o futuro.
O que será que, aqueles que ficaram, estão achando disso tudo? Mal sabe, mal sabe se quer saber, só quer transbordar essa felicidade e passar adiante pra tirar riso daqui e de lá, de todos os lugares. Quer ficar passageira. Quer continuar nessa paz de agitação, de correria. Quer amar os amores, novos e antigos, mais e depois, mais. 
"Viva la vida que ela não pode parar."




8 de julho de 2013

sendo uma hipócrita de coração mole

Escrevo aqui porque vivi uma parcela (minúscula) do que pessoas vivem rotinamente, longe dos olhos e do tato de uma vida privilegiada - como a minha. Escrevo à flor da pele, sentindo ainda os olhos, a boca, a garganta, a pele arder, e o sangue pulsar.
A(quela) realidade sempre me foi cega, aliás, fui cega à(quela) realidade que nunca precisei pisar e conhecer, e que vive mascarada. Nunca a toquei, não me era necessário, não era informada o suficiente, não sabia que ela era assim, mascarada e mais real, diferente do que se ouve falar ou se vê na TV. A realidade da covardia.
Demorei dias para digerir, aceitar e entender a tanta informação, imagens e sentidos, mas, agora, tudo flui aqui dentro. Não tenho mais azias de má digestão, tenho ânsias pela dose de realidade e COVARDIA que me foi dada, sem pedir. A multidão nas ruas trouxe a tona uma covardia que anda mascarada pela desigualdade, e vive de mãos dadas com desinteresse, o egoísmo e a manipulação (sim, a manipulação).
Eu corri (muito) de quem deveria me proteger, e os outros que corriam ao meu lado também, em meio a gritos de desespero sem ter pra onde ir. Senti medo por encontrar pessoas(?) fardadas treinadas (para matar sem matar - aquele dia), que agem como robôs. Algumas tinham rosto e nome, outras só rosto, e outras não tinham nada, eram totalmente encobertas pela covardia aparelhada, financiada pelos meus pais, pelos seus, pelos meus professores, por quem pingava sangue por apenas estar lá, por quem chorava ardência no trajeto do trabalho ao lar, pelos cidadãos. Ouvi barulhos desconhecidos, senti cheiros e sensações nunca sentidos, tive medo por não ter pra onde correr. Presenciei dias de luta na rua (que continuam e continuarão), e também, uma guerra estranha no centro de uma tal "Cidade Maravilhosa". Uma guerra desconexa, sem início, sem meio, sem fim.
Tentava ver a correria, mas só via fumaça, fogo, escuridão e multidão correndo para o claro, chegando no escuro. Chorei de dor de medo, mais do que isso, chorei de dor de raiva, indignação, ódio.  Eles andam encobertos pela covardia, se misturam no escuro e brincam de fazer chuva de bomba, parece que gostam do desespero, não parecem seres humanos ali, naquela situação. Mais horripilante foi sentar com a multidão ilhada, sem ter o que fazer a não ser esperar com medo, e pensar que há pessoas acostumadas ao que pra mim foi inédito, que já estão anestesiadas pelo barulho que tira a paz e a calma do interior de cada um. 
Me doeu a minha distância da realidade da maioria que fala mas não tem voz. Passou pelo meu pensamento e físico a sensação de que lá haveria morte, e quem já se acostumou com isso? É possível conviver com esse medo? Isso não pode ser normal. 

(Rio de Janeiro - 20 de junho de 2013)


27 de junho de 2013

é belo

Pensamento vazio. Impossibilitado e preenchido por palavras aleatórias. Travisseiro, água, dentadura, luto, tutelar, amor. Bem estar, bem que me quis, bem que te quero, bem que estamos. Sentindo fios de barba e de cabelo, romance sendo levado pela maresia, perto de um mar quase tocável, perto de ti.
Contradições da vida, pensamento (ou sentimento? ou os dois?) pesa por não ter-se ido, por olhar paisagem e pelo olho vir memórias. Mas fica, tem maresia boa de calor incômodo, e você. Não saber onde isso vai parar deposita uma alegria curiosa de não querer freiar, e deixar. Levar pelo ar, pelo mar, pelo cheiro e o encantar de boca em pele. Deixo-te livre, mas tu voltas, sempre, inesperadamente, e bonito, penteado descabelado. É estranho sentir teu cheiro semelhante e olher em teus olhos diferentes. É difícil atravessar águas e chegar, mas tu chegas, eu chego, sempre chegamos no mesmo lugar com a mesma intensidade. Acompanha-me nessa dança nova estranha e boa que a vida vem a me embalar. Sei que você gosta de dançar o inédito. Pra mim, pra você, sem atar as mãos, mas atando o coração. (Con)Fusão.

26 de maio de 2013

palavras soltas dos 20, e das 2

Entrei em dois décimos.  Mas que diferença isso faz, quando a vida muda antes da idade virar.
Agora, que são duas, impossíveis de serem paralelas, pois se cruzam em algum momento e lugar dentro de mim, mas (por enquanto) não se tocam. Uma nascendo, se formando, meio perdida, meio inocente no fazer. Outra firme, forte, bonita, afável. Duas vidas que me fazem amar o aqui e o ali, independente de qual seja qual. As vidas são belas, e querem ser vividas, e a beleza vem de dentro.São diferentes em quase todos os sentidos, exceto em ter-me. Já me transformei no que sou com o passar dessa idade que agora chegou. Já sei quem sou (talvez não tanto). Crises sobre querer ser menos é (ainda) presente, porém não me desfaço desse meu laço com a extravagância. Sinto-me amada pelas duas, mais pela que menos estou presente, menos pelo a que mais consome os meus dias. São diferentes. Quem está lá, infelizmente não pode estar cá (e vice versa). Acho que elas se completariam. Ou melhor, acho que a vida de lá completaria a de cá, por ser tão nova e, portanto, ainda meio vazia. Vazia de vocês que vivem lá quando queria cá. Vazia de amores certos, de amores que choram, de amores que falam sem medo, que conhecem o que sou. A vida daqui tá cheia de risos, felicidade, bondade, novidade, e paixão. Eu quero amar, eu gosto do amor.
Eu gosto daqui, eu gosto daí, eu gosto de ir e de voltar. Eu amo vocês que me fazem amar o aqui e o aí.

13 de abril de 2013

breve pensamento sobre ir

Lágrimas no escuro, lágrimas na chuva, lágrimas de tchau. Lágrimas de vidas que se separarão depois de andarem tanto tempo juntas. Eu vou, mas eu volto. Falo isso confiante pra pensar que a saudade de tudo que aqui vou deixar não vai me sufocar.
É ruim ficar quando se vão, eu já fiquei quando se foram. Eu sei que fica um vazio impreenchível quando vai, que dói, que dá saudade que não tem como matar. Paciência, penso mesmo antes de ir, por que eu volto. Volto pra abraçar, pra amar, pra aproveitar vocês que aqui irão ficar, e vocês que daqui a não muito tempo se vão também. Queria compartilhar essa dor estranha de viver duas vidas paralelas, mas já basta a dor de deixar. A vontade de ir é grande, assim como a vontade de ficar. A vida nova me espera, pra me abraçar e ocupar a maior parte do meu tempo, quase todos os meus dias, mas ainda sobrarão os dias que serão seus.
Diria que ainda o tempo me foi generoso pra poder ficar mais (bem mais) pra ter vocês comigo. Queria era empacotar cada um e levar junto lá pra perto do mar. Não é muita gente, um ou outro que preciso pra viver e sobreviver, que sabe quem eu sou mais do que eu mesmo, que sabe minhas dores, meus amores, meus medos, minhas manias. Eu queria mais, quero sempre mais, pro amor muito nunca é o bastante.
Eu vou, mas tu vai comigo no coração, no pensamento, na saudade e na vontade de voltar. Eu vou, mas eu volto com vontade de aqui amar.

24 de março de 2013

arrixcado

És carioca descompromissado malandro pagando de bom, arroz de festa e arroz de/pra gente. Sotaque puxado, quase insuportável, muito carioquês pros ouvidos, muita gíria desconhecida, muito x em lugar de s. Muito chato que odeia São Paulo sem mesmo ter atravessado a divisa dos estados, que fala "lek", "bixcoito" pra bolacha e que não come cachorro quente com purê. Carioca nacionalista, que idolatra sua cidade, de sangue bom, de relação engraçada. Carioca demais, que fala demais, pergunta demais, quer saber demais, mas não me importo em contar. É tudo demais, exagerado, mas não julga sabendo que pode e que sabe julgar. Mesmo sendo em tudo demais, não tem nada demais, passa despercebido na multidão, tanto que demorei para encontrá-lo em meio a tantos corpos. Insiste em insistir na minha voz, que eu cante Clarice enquanto toca, mas a tecnologia não é tão instantânea, então ou ele toca ou eu canto, e prefiro o som do violão. Veio puxar conversa como faz com todo mundo, pensando: "o que vier e ficar é lucro, o que for não faz diferença". Porém, meio a contragosto, percebe-se que ficou e passou da linha da conformidade, como se já  tivessem vivido umas vidas alternadas.
Mas é o que tu me ouve sempre falar, tanto que agora também fala: beleza vem de dentro e c'est la vie, brasil. Daqui a pouco a gente se enjoa, são dois demais, que transbordam.

5 de março de 2013

batevolta de pensamentos que somem

O tempo passa, e faz as coisas mudadas mudarem, voltarem ao seu normal, mudarem de novo, de uma maneira diferente, até voltarem ao seu normal de agora e remudarem. Ciclo interminável de confusão que faz vontade se transformar em receio, em não saber o que fazer, falar, agir. Vontade de deixar num estado intocável, em qualquer um dos planos (supostamentes) existentes. Deixar intocável até que venha vontade de tocar de novo, no fundo ou no razo, tanto faz, falta vontade de tocar, você e as músicas que me lembram você. Não que eu saiba tocar alguma coisa, muito longe disso, só sigo a dança no compasso delas que tanto você não quis, talvez? Elas tocam no aleatório da minha lista de diversidades. E quando a vontade vem, penso em finjir que não tem, mas o de dentro é maior, até tentar tocar e se decepcionar com a grandeza do muro ipulável, se tornando, agora, intocável(?).