22 de junho de 2012

rima chata

Escrevia seus textos sem pretextos, e  usava sempre os mesmos adjetivos pra tudo que adjetivava. A criatividade a esgotava. Perdera a validade da vaidade, e saiu a caminhar sem sapatos pela cidade. Sentia sempre que o sol a incomodara, até esquentar seus dedos gélidos no dia que havia luz excesso de luz clara. 
Ia sempre a terapia, junto com sua tia. Sessão terminada, em casa, sempre sempre acabava chorando lágrimas na pia. Deitava ao anoitecer, antes de dar mesmo tempo de esquecer aquilo que a moça no consultório a fez ser. 
Mudava de gostos todas as semanas, camaleoa que nao abria a mão de ir à sua cabana e da marijuana. Deixava na sua gaveta uma anotação, com tudo que lhe passava no coração, antes de entrar no estágio noital da negação. N'outro dia ao amanhecer, corria ao som de Beatles pra tentar se aquecer, mas com o passar das músicas sentia-se (meio que) enlouquecer. 
Chegando ao trabalho não podia tirar o agasalho. Passava o dia fria, pensando em quando se aponsetaria daquela bestaria de assimetria. Desse jeito, viu que tinha um grande defeito: tinha preconceito com quem amava, assim nem guardar dentro do peito dava. Arrumou uma solução portanto, nomes no santo colocaria, na esperança que por aí haveria algum encanto que a esquentaria. Passou um tempo pra que alguém a tocasse por mais um momento e a pedisse em casamento. Mas Assim como rima em lugar incerto, todo final de história da certo.

19 de junho de 2012

é que passa sem parágrafos

a noite passou despercebida por aquela que ficou com os olhos nas palavras de metáforas, revoluções e nos números dos triângulos. foi dormir cedo, antes da meia noite, numa noite de sábado. estava cansada demais pra pensar em qualquer coisa que lhe quisesse passar à cabeça. na verdade, havia pensado naquilo durante o dia todo, mas tentou ignorar aqueles pensamentos que chegavam perto. acordou no meio do sono da noite, assustada. parecia mais verdade do que a própria vida. o celular tocando com um boa noite, mas o sol já estava nascendo. acordou de um sonho ruim que tirou-a o sono e a vontade de levantar da cama. leu a mensagem e dormiu com um sorriso no canto dos lábios, mesmo sem sono. tentou mergulhar em outro sonho, e acabou caindo em outro ruim. abriu os olhos de novo, acordou com a música alta e chata do vizinho de umas ruas à frente. é rotina que todo domingo ele ligue o som alto nessas músicas insuportáveis aos ouvidos. ouviu o silêncio da casa, e constatou, sozinha outra vez. sexta, sábado e domingo. sozinha. que final de semana mais sem graça, sem gente, sem vida, sem calor, sem vontade. ficou deitada na cama até o desespero da hiperatividade (chata) de precisar sair do mesmo lugar tomar conta, e tentou afundar os pensamentos, mais uma vez, nas palavras e números prontos que trazem os livros. não conseguia se concentrar. ficava olhando a cada 20 minutos, a espera de algo que sabia que não viria. ou viria? veio. de um jeito bonito e terno (terno de ternura, não de roupa) e com carinho (carinho de terno de ternura, não de caro).

15 de junho de 2012

de um lado

se sinto é certo, às vezes nem sei ao certo qual o certo desse sentimento, só sinto que sinto. e eu sinto forte por e com você. sinto de perto e de longe, um dia e outro, na rotina. eu sinto, e me tira um sorriso olhando pro papel, pro céu, pro vão da porta. olhando pra nada visível, eu te vejo deixando passar pelas lembranças boas de um amor. dias quentes e noites frias. dias mais de poesa que de maresia. eu desaprendo muita coisa nesse meio tempo de caminho. e aprendo alguma. mas eu me bagunço. o silêncio bagunça. o silêncio bagunça. silêncio de olhos abertos, de esquenta pés. silêncio que abraça e que preenche lacunas aleatórias. silêncio de tempo passando, ponteiro girando, e amor se amando. que ele pare ao passar mais rápido com você ao lado meu.